segunda-feira, 29 de maio de 2017

Resultado de imagem para filmes adolescentes

Parece que só faz alguns minutos que, pra variar cheguei atrasada, e entrei por aquela porta escura que me revelava com discrição, uma sala lotada de jovens em plena tarde de quarta babando pelo maldoso Sebastian que aliado a sua irmã / filha do padastro, Kathryn jogava com a vida de todos, principalmente com a da inocente Annette.

Pra quem chegou uns 10 anos depois, estou contando a sinopse de Segundas Intenções, um filme que hoje é comum demais pra valer a ida ao cinema, mas que em 1999 me fez ter de sentar na primeira fileira e endurecer o pescoço até o final da trama. 

Inacreditável como o tempo passou e o gênero adolescente sofreu tantas mutações que se pararmos pra pensar, atualmente esse tipo de filme não é quase nada do que eram antigamente. 

Claro, a herança persiste, mas estava assistindo Prova Final de 1998, com um Elijah Wood que não fazia noção que viria a ser Frodo Bolseiro um dia, e me deparei com coisas que hoje seriam imperdoáveis no mundo adolescente. Eu não deixei de amar essas histórias que fazem parte da minha fase juvenil, porém é meio louco pensar que a atriz Jordana Brewster, de real descendência brasileira, famosa pela franquia Velozes e Furiosos, participa de uma cena em que conta com vergonha que vem do Brasil e é zoada por isso, do mesmo modo que piadinhas racistas, sexistas e bullying correm solto durante todo o filme. 

Mais louco ainda é que o pessoal tinha que inalar drogas o tempo todo pra provar que não eram afetados pelos tais alienígenas que estavam possuindo todo mundo. Películas assim não eram exceção, visto que, no início dos anos 2000, adolescente, quando não estava sofrendo de amor ou vivendo uma disputa, estava num grupo de amigos duvidosos sendo morto ou pairando de vítima de um mascarado. Acometido das tais regras básicas do gênero terror juvenil. Mais precisamente, franquia Pânico de 1996 e outros tantos que vieram depois, como Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado.

  • Você não vai sobreviver se fizer sexo;
  • Acredite quando gritarem a frase: - Atrás de você!;
  • Nunca dê as costas para alguém;
  • Você não vai sobreviver se beber ou usar drogas;
  • Você não vai sobreviver se falar a frase: - Volto já!;
  • Todo mundo é suspeito;
  • Você não vai sobreviver se perguntar: - Quem está aí?;
  • Você não vai sobreviver se sair para investigar um barulho estranho;
E as regras vão aumentando e se diversificando a medida que as sequências vão ocorrendo. A franquia tem 4 filmes no total que renderam até 2011. Quer saber quais são as outras regras? Confira aqui!

E se há uma coisa que esses filmes respeitavam eram os esteriótipos. Você sempre encontrava nessas histórias os caras babacas do time de futebol americano, o líder e outros idiotas balançando a cabeça atrás, o mesmo fato geralmente com 3 líderes de torcida que se achavam boas demais, enquanto apenas uma dominava as outras e humilhava a mocinha ou mocinho inocente, no caso dos jogadores. Também podíamos sempre contar com elementos clichês, como finais mágicos que terminavam com a viagem para a escola de arte em Paris sendo interrompida pelo cara babaca, que no decorrer do filme, deixava de ser pra descobrir suas verdadeiras motivações. Além da descolada, o esquisito, a grunge, o diretor idiota, os melhores amigos desinteressados, estranhos e geralmente de outra etnia, os pais alienados, os garotos espertinhos, uma escola de sei lá o quê e mais alguns elementos característicos. 

Um bom filme pra comprovar esses artifícios que levavam a galera teen ao cinema, é a paródia Não é Mais um Besteirol Americano e se quiser tem o adendo Uma Comédia Nada Romântica, que também flutua nesse campo. 

Outra questão, que não posso deixar de comentar são os atores que interpretavam personagens de 15 à 17 anos, sendo que muitos estavam na casa dos 25 a 30 anos. Sempre maravilhosos, e os feios, quando se transformavam, geralmente tiravam os óculos e o aparelho. Impagável! Eu e todo mundo amava essa parte da transformação e volta por cima, parecia vingança ao estilo novela mexicana. A ovação fechava com chave de ouro. 

Aí, as luzes se ascendiam e um turbilhão de adolescentes se levantava zoando, comentando e alguns chorando enquanto os créditos subiam. Acompanhados pela trilha sonora de uma banda de sucesso pra deixarmos o cinema, descobrindo um shopping lotado de outros jovens que viram filmes, hoje considerados modestos e sem efeito algum, mas que naquela época lotavam as salas e faziam a galera esperar ansiosa pela próxima quarta - dia mais barato - perambulando por aí com novas histórias, sonhos e esperanças na cabeça.  Foi assim que cresci num piscar de olhos, e embora pareçam estranhos, serão os filmes que sempre amaremos. Os filmes da juventude!

Recordando, acho que o primeiro filme adolescente de que tenho conhecimento é American Graffiti - Loucuras de Verão de 1973, que contava até com um Harrison Ford caipirão. Depois vieram Porkys, a era dos clássicos como Sexta Feira 13, criações de John Hughes, entre outros. 

Porém, na primeira metade dos anos 90, o gênero deu uma sumida pra prestigiar a fase seguinte, a universidade, criando grandes histórias como Com Mérito e Sociedade dos Poetas Mortos, voltando com força somente no final da década. 

Resultado de imagem para antes que eu vá posterA adolescência saiu de moda novamente no meio dos anos 2000 e agora se reinventa rápida. Já passamos, brevemente, pela fase dos musicais, livros fantásticos, vampiros e lobisomens e hoje contamos com filmes adolescentes mais realísticos, falando de histórias atuais. 

Os personagens são representados por atores com idades próximas e não há mais tanta preocupação em mostrar aqueles seres lindos e perfeitos, porém rasos de antes. O bullyng não tem mais graça e as turmas populares são feitas de jovens que buscam se encontrar. As histórias são diversificadas e saem da casinha pra mostrar dramas e alegrias. Um filme que brinca muito com isso é Anjos da Lei, onde ao voltarem pra escola, os personagens se deparam com novos conceitos, apenas anos depois de deixá-la. 

Enfim, não é perfeito, mas é um caminho. Visto que antigamente, as películas eram legais, mais ainda assim apenas divertiam, trazendo quando muito, mensagens superficiais. Porém, deixavam o pessoal que assistia com muitas estranhezas em relação a trama e personagens. Felizmente, o desconforto passado é algo que ninguém precisa suportar mais.

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4 Comments

Uau que saudade da adolescência sabe que nessa época eu não ia muito ao cinema, mas torcia para o filme passar na globo era uma expectativa enorme hahaha já assistir quase todos que você mencionou e amava segundas intenções então amo até hj ahahha

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É mesmo! Eu ia quase todo dia, mas agora que você comentou, é mesmo engraçado pensar que naquele tempo a Tela Quente anunciava com orgulho os filmes que iam passar durante o ano e todo mundo comentava e torcia. Terça-feira na sexta série era dia de falar do filme de segunda a noite. O triste é que, várias vezes eu boiava porque minha família tinha visto a Hebe, que passava no mesmo dia e hora no SBT. Aff!! kkk Que louco! Hoje em dia, tem internet, netflix, etc. Naquela época tinha que correr depois pra alugar fita na locadora, outro local que eu praticamente morava inclusive! kkk Adorei a lembrança! Obrigada por comentar! Bjus!

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Eu vi American Graffiti no Liceu! Há quantos anos! Ainda nem havia lojas par alaugar video! Passaram isso para todos no auditório. Gostei muito de ler o seu texto. Por acaso, eu que sempre vi imenso cinema sempre desprezei esses filmes e nunca ia. Só conheci muito mais tarde e até vi alguns só para provar o ponto de vista: eram idiotas e de riso fácil, eu achava que os adolescentes não mereciam essas histórias. Verdade, agora sou bem menos séria do que então, e vejo cinema de toda a ordem e e de todo o mundo, mas, nessa época a comédia era um tipo de filme de que eu fugia a sete pés. Comecei por ver muito cinema clássico, norte-americano, e era isso que eu curtia a valer.E então, mesmo adolescente e depois jovem, eu não via esses filmes com actores jovens que eu considerava a maior porcaria,hahahahahah! Como guardei os programas eu sei que via filmes bem sérios e, claro, ia sozinha, pois ninguém mais queria ver dramas. É verdade, hoje já aparecem filmes bem mais interessantes e com adolescentes mais reais. E eu até os vejo porque são mesmo bem escritos e vale a pena. How I live now. Viu esse? É muito bom. Hunt for the wilderpeople é fantástico, não é bem com adolescentes, mas o miúdo, tem 13 anos, é um show; com jovens, um que gostei imenso, e nem é que veja e goste de terror, foi It follows...Mas há mais, agora é que não lembro.

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Mesmo sendo uma anti-experiência adolescente, foi o seu jeito de viver esse período com os clássicos! Também é válida, pois não há regras! Quanto aos filmes mencionados, adorei How I live now, quem não gosta de uma boa distopia? Hunter for the... e It follows também são muito populares e uma forma de mostrar que o cinema saiu de sua forma adolescente estereotipada pra dar aos adolescentes muitas vertentes de si mesmos! Obrigada pela visita e textão! Valeu por compartilhar sua experiência! Volte sempre! Abs.

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