Programa de Trainee Une Jovem à Carreira no Setor Público
Ao se graduar, o desejo de muitos jovens profissionais é trabalhar com algo que realmente “faça a diferença” na sociedade, certo? Foi pensando nisso que Joice Toyota, José Frederico Lyra Netto e Rafael Martines — além de Tiago Mitraud, da Fundação Estudar — criaram o Vetor Brasil, um projeto que pretende unir este interesse de jovens à experiência de carreira no setor público.
Por meio do programa de Trainee, que está com inscrições abertas até o dia 7 de setembro, o Vetor selecionará jovens talentosos para trabalhar em órgãos públicos de diversas regiões do país, como a prefeitura de Salvador e os governos de São Paulo, Pará e Goiás. O objetivo é que o trabalho seja iniciado no começo de 2016.
O projeto A ideia surgiu quando José, que hoje faz mestrado em políticas públicas em Harvard, Estados Unidos, ainda cursava a faculdade de engenharia mecatrônica na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Com Joice e Rafael, pesquisou possibilidades de participar da gestão pública do País. “Nós nos perguntamos: como, enquanto jovens, conseguimos agir para provocar mudanças no Brasil auxiliando no curto prazo?”, conta José Frederico.
Na opinião de Joice Toyota, o setor público — por sua natureza vultosa e seu amplo poder de alcance — é o único lugar onde realmente é possível causar impacto em grande escala. “O governo é o principal prestador de serviço para a população de mais baixa renda no país. É no setor público que você está realmente exposto aos desafios que a maior parte dos brasileiros vivem todos os dias. É também é lá que você tem a possibilidade de mudar as coisas”, ela explica.
Ninguém desconhece a dimensão dos desafios da área, mas para enfrentá-los é necessário ter gente talentosa engajada nessa causa. O que falta, para Joice, é uma ponte mais estruturada entre esses talentos e o governo. E é exatamente isso que o Vetor faz.
Como funciona Os candidatos devem estar dispostos a morar entre um e dois anos em uma cidade brasileira parceira do Vetor Brasil e trabalhar em um projeto desafiador no setor público. “O trainee fará parte da equipe de um órgão do governo, e estará envolvido na implementação de um projeto daquele órgão”, explica Joice, acrescentando que os trainees são contratados como funcionários do próprio governo.
“Antes de começar o trabalho, nós traçamos com ele um plano de desenvolvimento individual, no qual buscamos esclarecer o que o trainee quer aprender e desenvolver com essa experiência, e como é possível trabalhar isso ao longo do programa”, acrescenta. Além disso, ele conta com treinamentos periódicos, o apoio constante da equipe Vetor, além de sessões de coaching e mentoria.
Um dos trabalhos do Vetor é, inclusive, buscar dentro dos diversos órgãos e instâncias públicas líderes que querem efetivar mudanças — ou seja, lugares em que os jovens selecionados encontrarão espaço para realizar um trabalhar de impacto. São ambientes com pressão por resultados e eficiência.
Ainda assim, ela faz questão de enfatizar que o trainee também terá exposição às dificuldades do setor público: “Ele vai sofrer dos mesmos problemas de quem está lá, vai viver uma experiência legítima de governo”.
Dessa forma, o impacto vem em mão-dupla: “Por um lado abrimos caminho aos jovens e por outro oferecemos aos órgãos públicos profissionais capacitados”, diz Joice.
Seleção Em 2014, foram mais de 1 700 jovens profissionais inscritos e treze jovens selecionados. Para José, isso demonstra uma demanda alta por este tipo de trabalho. “Sabíamos que há jovens que querem ter uma experiência com o setor público e ir além do discurso de ‘fazer a diferença’, só faltava um ‘como’ colocar a mão na massa”. Ele acredita que um dos resultados do programa será, também, um fortalecimento da gestão local.
Para quem tem grande preocupação com a carreira, participar do programa pode ser interessante para se manter no setor público, mas é também vantajoso pela experiência. Para Joice, essa vivência de setor público gera um aprendizado proveitoso para a atuação em diversos outros setores.
“Queremos que esse projeto gere impacto de curto prazo, mas principalmente a longo prazo, criando uma rede de transformadores com uma experiência rica e profunda”, finaliza José Frederico.
Matéria de Rafael Carvalho - Site na Prática - Fundação Estudar.